Numa montanha na costa Norte do Mar da Galileia, perto da cidade de Cafarnaum no ano 30 d.c.:
"(...) Jesus, vendo aquelas multidões, subiu à montanha e sentou-se e os seus discípulos aproximaram-se, e foi ai que Ele começou a pregar o seu poderoso sermão ao ar livre (...)"
Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por Minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa nos Céus; porque também assim perseguiram os profetas que vos precederam."
"Observo, meus senhores, que quando pretendo conduzir-vos a uma nova expedição, já não me seguis com o mesmo espírito de outrora. Pedi-vos que vos reunísseis comigo para que possamos tomar uma decisão em conjunto: devemos, seguindo o meu conselho, avançar, ou, seguindo o vosso, retroceder?
Se tendes alguma queixa a fazer sobre os resultados dos vossos esforços até agora ou sobre mim enquanto vosso comandante, nada mais há a dizer. Mas permiti-me recordar-vos: graças à vossa coragem e resistência, conquistastes a Jónia, o Helesponto, ambas as Frígias, a Capadócia, a Paflagónia, a Lídia, a Cária, a Lícia, a Panfília, a Fenícia e o Egipto; a parte grega da Líbia pertence-vos agora, juntamente com grande parte da Arábia, a Síria baixa, a Mesopotâmia, a Babilónia e Susa; a Pérsia e a Média, com todos os territórios anteriormente controlados por elas ou não, estão nas vossas mãos; tornastes-vos senhores das terras para além das Portas Cáspias, para além do Cáucaso, para além do Tanais, da Báctria, da Hircânia e do mar Hircano; expulsámos os citas de volta ao deserto; e os rios Indo e Hidaspes, assim como os rios Acesines e Hidrótis, atravessam agora território que nos pertence. Com tudo isto alcançado, porque hesitais em estender o poder da Macedónia – o vosso poder – até ao Hiphasis e às tribos do outro lado? Temeis que alguns poucos nativos que ainda possam restar ofereçam resistência? Vamos, vamos! Esses nativos ou se rendem sem luta, ou são capturados na fuga – ou abandonam as suas terras indefesas para que as tomemos; e, ao tomá-las, fazemos delas um presente para aqueles que se juntaram a nós de livre vontade e combatem ao nosso lado.
Pois um homem que é verdadeiramente um homem, creio eu, não trabalha com um fim além do próprio trabalho, desde que este seja orientado para objetivos nobres. Contudo, se algum de vós deseja saber que limites poderão ser impostos a esta campanha, deixai-me dizer-vos que a extensão de território que ainda temos pela frente, daqui até ao Ganges e ao Oceano Oriental, é relativamente pequena. Sem dúvida descobrireis que esse oceano está ligado ao mar Hircano, pois a grande corrente do Oceano circunda a Terra. Além disso, provarei a vós, meus amigos, que os golfos da Índia e da Pérsia e o mar Hircano são todos interligados e contínuos. Os nossos navios navegarão desde o golfo Pérsico até à Líbia, alcançando os Pilares de Hércules, e então toda a Líbia a oriente será nossa, assim como toda a Ásia, e a este império não haverá limites além daqueles que o próprio Deus impôs ao mundo inteiro.
Mas se agora recuarmos, permanecerão incontrolados muitos povos guerreiros entre o Hiphasis e o Oceano Oriental, e muitos outros para norte e para junto do mar Hircano, com os citas também não muito longe; de modo que, se nos retirarmos agora, há o perigo de que o território que ainda não controlamos firmemente possa ser incitado à revolta por alguma nação que ainda não submetemos. Se isso acontecer, tudo o que fizemos e sofremos terá sido em vão – ou teremos de refazê-lo desde o início. Senhores da Macedónia, e vós, meus amigos e aliados, isto não pode acontecer. Permanecei firmes, pois bem sabeis que o sacrifício e o perigo são o preço da glória, e que doce é o sabor de uma vida de coragem e de uma fama eterna para além da morte.
Não percebeis que, se Héracles, meu antepassado, não tivesse ido além de Tirinto ou de Argos – ou mesmo além do Peloponeso ou de Tebas –, nunca poderia ter alcançado a glória que o transformou de homem em deus, verdadeiro ou aparente? Até Dioniso, que é um deus de facto, num sentido que ultrapassa o de Héracles, enfrentou não poucas dificuldades; e, no entanto, nós fomos além: passámos Nisa e tomámos a rocha de Aornos, que o próprio Héracles não conseguiu conquistar. Vamos, então! Acrescentemos o resto da Ásia ao que já possuímos – uma pequena adição ao imenso conjunto das nossas conquistas. Que grande ou nobre feito poderíamos ter realizado se tivéssemos considerado suficiente, vivendo comodamente na Macedónia, limitar-nos a proteger as nossas casas, sem assumir outra carga senão impedir a invasão dos trácios nas nossas fronteiras, dos ilírios e dos tribalos, ou, talvez, de alguns gregos que pudessem ameaçar o nosso conforto?
Não poderia censurar-vos por perderdes o ânimo se eu, vosso comandante, não tivesse partilhado convosco as marchas extenuantes e as campanhas perigosas; seria compreensível se tivésseis feito todo o trabalho apenas para que outros colhessem os frutos. Mas não é assim. Vós e eu, senhores, partilhámos o esforço e partilhámos o perigo, e as recompensas pertencem a todos nós. O território conquistado pertence-vos; de entre vós são escolhidos os seus governadores; já agora, a maior parte dos seus tesouros passa para as vossas mãos, e quando toda a Ásia estiver subjugada, então, de facto, irei além da mera satisfação das nossas ambições: os mais altos desejos de riqueza e poder que cada um de vós possa ter serão amplamente superados, e quem quiser regressar a casa poderá fazê-lo, seja comigo ou sem mim. Tornarei aqueles que ficarem na inveja daqueles que regressarem."